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O segredo para ter uma boa formação de pastagem é conciliar o conhecimento com um bom planejamento. Ao formular seu objetivo com clareza, fica bem mais fácil saber por onde começar.
É importante entender se a forrageira será para reforma, Integração Lavoura Pecuária ou até Sistema Silvipastoril (com árvores). Além disso, é importante definir se o resultado esperado é ganho de peso do gado, alta disponibilidade de folha, grama verde na seca, vedação de pastagem ou lotação alta nas águas. Também é necessário entender o clima, o solo e consequentemente as características que a planta forrageira deve atender na sua região.
Esses pontos irão te nortear para planejar o nível tecnológico de cada pasto, ou seja, o custo para mantê-lo perene e produtivo.
Qual a relação da pastagem com o Clima?
A planta forrageira (capim) deve ser escolhida de acordo com sua resistência aos fenômenos climáticos de determinada região. Como tratado por Barioni, pesquisador da EMBRAPA, os limitantes para calcular o potencial forrageiro e a variação de produção, se baseiam na temperatura, índice pluviométrico e nível de adubação.
Por exemplo, na região Nordeste a planta deve ser mais tolerante às altas temperaturas e baixa quantidade de chuva, por isso uma escolha coerente seria o capim Buffel. Regiões de frio constante, como o Sul, são mais compatíveis com Tifton, Azevem e gênero Cynodon de modo geral. Já o Centro-Oeste e Sudeste, são dominados por Brachiarias, que abaixo de 17° não produz fotossíntese, exigindo temperaturas mais altas.
A principal dica aqui é saber a média histórica da propriedade, de temperatura e chuva, caracterizada dentro de 20 anos. Portais como Agritempo, Inmet e IBGE dão essas informações gratuitas. Outra opção é coletar na própria fazenda e comparar com a média geral regional.
Observe ainda o tipo de forragem já existente em sua propriedade, procure saber se o capim já presente é resistente às mudanças climáticas e atende a demanda nutricional da sua produção.
Não estou satisfeito com minha forragem, e agora?
Nesse momento, é importante contar com a ajuda de um técnico para o levantamento de dados e análise das forragens próprias para o seu terreno. Esse profissional irá te orientar sobre a necessidade da substituição do pasto, ou outras alternativas, como análises de solo, adubação e manejo adequado.
Se o sistema for de alta intensidade, alta lotação e adubação, é recomendado que haja uma substituição do capim. Para isso, é necessário eliminar o capim anterior, seja com herbicidas ou grade, e em seguida, fazer o plantio da forragem desejada.
Já a análise de solo vai mostrar a fertilidade e a ausência e/ou presença dos minerais. Através desse resultado será feita a recomendação da adubação com a quantidade e o melhor local para aplicação do mineral sugerido. A adubação vai nutrir melhor o seu solo, aprimorando assim a capacidade de absorção de nutrientes pela planta forrageira, o que auxilia no crescimento e na produtividade do capim.
É Importante também estar atento às boas práticas de manejo, como a altura do capim para entrada e saída dos animais, tomando sempre cuidado para que o pasto não passe ou seja muito rebaixado.
Quando falamos de pastos que passam da hora, nos referimos à fase quando o capim começa a ficar muito alto, dando sementes e até se deitando devido a locomoção dos animais. Quando deixamos chegar a esse ponto, diminuímos o aproveitamento do animal, pois ele passará a consumir mais colmo que folha, e não consumirá o capim deitado, o que é ruim para a produtividade.
Por outro lado, quando deixamos os animais tempo demais no pasto, o capim fica bem rebaixado. Desta forma o animal já não tem muito o que consumir e o pasto fica prejudicado, afetando a produção de forragem e o desempenho animal.
O consumo da ponta do capim é bom tanto para os animais quanto para a planta forrageira, gerando um melhor aproveitamento dos nutrientes por parte do gado e uma melhor rebrotação do capim após a saída dos animais.
Mas qual é a melhor forrageira?
Se você chegou até aqui, já sabe que não existe o capim milagroso. A procura de um técnico da área é muito importante para definir a melhor opção para a sua propriedade.
No entanto, proponho apresentar algumas das espécies mais usadas no país:
MG 12 Paredão (Panicum maximus)
Fertilidade – alta;
Resistência ao frio – média;
Resistência à seca – alta;
Resistência à umidade – baixa;
Ciclo de vida – perene;
Digestibilidade e palatabilidade – alta;
Propagação – por sementes.
BRS Ipyporã (Brachiaria híbrida)
Fertilidade – média;
Resistência ao frio – média;
Resistência à seca – média;
Resistência à umidade – baixa;
Ciclo de vida – perene;
Digestibilidade e palatabilidade – alta;
Propagação – por sementes.
Mulato II (Brachiaria híbrida)
Fertilidade – alta;
Resistência ao frio – média;
Resistência à seca – alta;
Resistência à umidade – baixa;
Digestibilidade e palatabilidade – alta;
Alta aceitabilidade e produtividade, sendo flexível ao manejo de média ou alta tecnologia.
Marandu ou Brachiarão (BRACHIARIA BRIZANTHA)
Fertilidade – média a alta;
Resistência ao frio – média;
Resistência à seca – média;
Resistência à umidade – baixa;
Resistência ao fogo – alta;
Ciclo de vida – perene;
Digestibilidade e palatabilidade – média a alta;
Propagação – por sementes.
BRACHIARIA DECUMBENS – Conhecida também como brachiarinha
Fertilidade – média a baixa exigência;
Resistência ao frio – média;
Resistência à seca – alta;
Resistência à umidade – baixa;
Resistência ao fogo – baixa;
Digestibilidade e palatabilidade – média;
Propagação – por sementes.
BRACHIARIA HUMIDICOLA
Fertilidade – média;
Resistência ao frio – alta;
Resistência à seca – alta;
Resistência à umidade – alta;
Resistência ao fogo – baixa;
Digestibilidade e palatabilidade – média;
Propagação – sementes e mudas.
BRACHIARIA RUZIZIENSIS
Fertilidade – média a alta;
Resistência ao frio – média a baixa;
Resistência à seca – média;
Resistência à umidade – baixa;
Resistência ao fogo – baixa;
Digestibilidade e palatabilidade – média a alta;
Propagação – sementes.
Capim Mombaça (PANICUM MAXIMUM)
Fertilidade – alta;
Resistência ao frio – média;
Resistência à seca – média;
Resistência à umidade – baixa;
Resistência ao fogo – alta;
Digestibilidade e palatabilidade – alta;
Propagação – sementes.
Há também os capins híbridos, que são combinações das variações existentes, como o capim Marandu com a Brachiaria Ruziziensis que deu origem ao capim Mulato. O objetivo desse procedimento é unir características desejáveis das plantas, com o intuito de torná-las mais resistentes a determinados climas e solos.
O Capim Mulato, além de apresentar uma excelente qualidade nutricional, possui:
Fertilidade – alta;
Resistência ao frio – média;
Resistência à seca – alta;
Resistência à umidade – baixa;
Digestibilidade e palatabilidade – alta.
Apesar de algumas indicações apresentadas serem para região do Brasil central, fica a dica de buscar os detalhes de cada capim para atender objetivos diferentes dentro da propriedade. Vale destacar que evitar o monocultivo torna a propriedade menos suscetível a imprevistos climáticos, estratégicos, envolvendo pragas, entre outros.
Qual o pasto mais resistente às pragas?
Algumas regiões apresentam mais pragas que outras. Por exemplo, em áreas rodeadas de cana-de-açúcar, a probabilidade do pasto ser atacado por cigarrinha é grande, além do maior número de moscas para o gado. Nesse exemplo, deve-se evitar ao máximo capins sensíveis a cigarrinha, como a brachiarinha, tanzânia, entre outros. Uma praga pouco falada é a lagarta. Regiões que plantam muito milho e sorgo, tendem a apresentar maior incidência. Geralmente capins de crescimento rápido como Mombaça tendem a ser mais atacados, porém é possível controlar essa propagação apenas com manejo adequado.
Como visto, a atividade pecuária é um tanto complexa, exigindo uma visão geral da propriedade. Quanto mais fatores você conhece na fazenda, menos surpresas terá no futuro. E claro, fazer uso de uma plataforma digital de gestão para pecuária de corte como a JetBov, auxilia nesse monitoramento da propriedade, permitindo a automação do pastejo rotacionado, uma vantagem inclusive também para a gestão da técnica de ILPF na fazenda.
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